quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Grandes empresas começam a ver a necessidade de preservar


O avanço das legislação ambiental, a normatização das regras de descarte de resíduos e de produtos usados, além da pressão popular pela economia de recursos naturais está levando grandes empresas de bens de consumo duráveis e de embalagens a se organizarem para influenciar políticas públicas e criar sistemas que reduzam os custos de descarte e retorno de resíduos pré e pós-consumo ao ciclo de vida dos materiais, disse o presidente do Conselho de Logística Reversa do Brasil, Paulo Roberto Leite, à Revista Sustentabildade.
"Começa a existir uma massa crítica que tem consciência da importância da reciclagem e remanufatura em todos os setores da economia," disse Leite.
O Conselho foi fundado em 2008 e tem entre seus principais associados empresas de logística, como os Correios e empresas de bens duráveis, como a Hewlett Packard (HP). Segundo Leite, asempresas de eletroeletrônicos como Philips e Dell, as redes de varejos, como Wal-Mart e Carrefour e a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) devem se associar em breve.
"A criação do Conselho se deu porque muitas empresas começaram que a gente devesse criar uma entidade que possa fornecer conteúdo, definir pesquisas, deixar as práticas mais transparentes e influenciar na legislação e normatização", explicou Leite, engenheiro especialista no tema de logística reversa.
Além da questão de custos, as empresas estão sentindo a necessidade de reforçar suas imagens e até de fidelizar seus clientes por meio de processos de retorno dos resíduos aos seus ciclos de vida.
Segundo Leite, a logística reversa visa viabilizar economicamente a coleta, o estoque e o processamento dos resíduos descartados dentro das indústrias durante o processo de produção, incluindo o retorno de resíduos pós-consumo de produtos, após o final da vida útil do material como, por exemplo, as embalagens.
Em alguns casos, como nas redes de varejo o volume de produtos devolvidos e precisam de uma destinação correta pode chegar a 10% de tudo que é vendido.
Além da consolidação e produção de estudos, um dos objetivos do conselho em 2009 é debater a política nacional de resíduos sólidos em discussão no Congresso, disse Leite.
"As legislações são inibidoras em muitos casos, mas podem ajudar tirando [a questão] do ostracismo e colocando o processo em evidência", explicou.
Ele também acredita que a nova legislação, que trata de logística reversa e usa o conceito do poluidor pagador, seja positiva, mas faz a ressalva de que ela deve dar espaço para especificidades de cada setor a fim de tornar a logística reversa economicamente viável.
Para ele, o grande entrave à implantação da legislação e de um sistema de logística reversa é a falta de informação e debate no país sobre o tema.
No entanto, ele vê avanços.
"Mudamos nosso patamar de visão de sustentabilidade: saímos de um momento muito romântico para um novo momento, em que as pessoas estão cônscias de que as coisas tem de ser resolvidas [de uma forma viável]", avaliou o professor de pós-graduação da Universidade Mackenzie.
Segundo Leite, o próximo passo das empresas será começar a pensar no design dos produtos e sistemas produtivos, já levando em conta o retorno dos materiais e componentes ao seu ciclo de vida.
É aí que entra a questão de logística.
"Muitas vezes o fator tecnológico está disponível a preços razoáveis, mas faltam outros fatores que atrapalham", lembrou.

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