sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Vivendo da reciclagem


Na coleta seletiva são recolhidos somente materiais recicláveis que servem para serem
utilizados como matéria-prima na indústria de reciclagem, como papéis, vidros, plásticos,
alumínio, entre outros. Assim, a participação dessas pessoas contribui para que mais materiais
sejam reciclados com um destino ambiental correto e economicamente viável (MOTA, 2005).
Nessa pesquisa, abordamos o relato da professora Maria da Conceição que teve uma
experiência com catadores (as) em um projeto chamado “Mova Brasil”. Durante o convívio
com essas pessoas, a professora percebeu o quanto é difícil ter uma sobrevivência social,
i g u a l i t á r i a   e   s o l i d á r i a   e n t r e   o s   i n d i v í d u o s ,   p o i s   s e g u n d o   e l a ,   a   m a i o r   d i f i c u l d a d e   é   c e s s a r   a
condição de vítima dos/as necessitados/as e transformá-los/as em sujeitos de sua própria
história. Diante da situação que esse grupo se encontrava, a maior preocupação era a falta de
emprego, portanto não havia alternativa a não ser viver da reciclagem que garantisse uma
renda mínima, através da venda de seus materiais aos/as atravessadores/as. Então surgiu a
idéia de criar uma cooperativa, que apesar de ser disponibilizado um local para a construção
de um galpão, existiu uma grande dificuldade para a realização da obra, pois estavam à espera
de algum órgão que se comprometesse a ajudar na construção desse espaço. No município de
Abreu e Lima a situação é bem parecida à relatada anteriormente, já que existe uma
associação que foi criada pelos/as catadores/as que sentiram a necessidade de se organizarem,
no sentido de não depender de atravessadores/as. Essa associação surgiu a partir de uma
cooperativa que existia na comunidade, porém por falta de recursos, foi desativada,
funcionando apenas como um local de separação de material. A associação está localizada em
um bairro carente considerado um dos mais violentos da localidade. Isto faz com que os/as
habitantes incorporem a discriminação como estigma do local, não conseguindo emprego
quando dizem residir nesse local, visto que são sempre rejeitados/as e descartados/as de
qualquer benefício, por isso moradores/as afirmam que a solução, muitas vezes, é omitir o
endereço no momento de buscar algum trabalho.O cotidiano das pessoas que vivem da
reciclagem do lixo ainda é pouco trabalhado pela saúde pública brasileira (PORTO, 2004). O
l i x o   q u e   o f e r e c e   o   m a t e r i a l   d e   o n d e   o s   c a t a d o r e s   ( a s )   t i r a m   o   s u s t e n t o ,   t a m b é m   d e i x a   s e u s
corpos vulneráveis às doenças do tipo leptospirose, diarréia, problemas pulmonares, entre
outras, podendo causar sérios danos à saúde. Como é o caso de uma senhora entrevistada, pois
ao ingressar neste trabalho passou a ter tosses e diarréias constantes, já com os carroceiros a
queixa maior é de muitas dores no corpo. Em relação à auto-estima das pessoas entrevistadas,
percebeu-se que é muito baixa, ou seja, “(...) a condição de quem cata lixo é péssima, a gente
n ã o   t e m   p a r a   o n d e   c o r r e r ”




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